Quando eu decidi por em prática a ideia de criar um espaço em que eu pudesse falar sobre literatura, lá em 2010, não imaginava que as coisas pudessem chegar aonde estão. Porque, naquela época, a blogosfera ainda era um tanto obsoleta. Os blogs eram mais pessoais, e os temáticos dificilmente seguiam em frente por muito tempo. Grande parte das pessoas que se aventuravam por esse universo desenvolvia conteúdo - muitas vezes para si próprio - somente para passar o tempo.

E foi com essa pretensão que o Universo Literário nasceu, em 2011. Aliás, foi essa mesma pretensão que o sustentou até hoje. Tudo que eu fiz durante todo esse tempo foi por amor à leitura; pela necessidade de me expressar e talvez de inspirar; por vontade de compartilhar minhas opiniões e de ouvir as de outras pessoas; por gostar de escrever; pela possibilidade de conhecer outros leitores e, assim, fazer amigos. É por essas e outras que o Universo sempre foi um blog pessoal, sem fins lucrativos, sem grandes ambições.

Mas isso não significa fazê-lo de qualquer forma. Apesar de saber que deixei muita coisa passar, sempre fiz o possível para mantê-lo atualizado frequentemente, para trazer uma boa imagem e conteúdo, e para mostrar coisas novas e diferentes... tudo, claro, relacionado aos meus gostos pessoais e literários. Só que chega uma hora que as coisas fogem do controle, porque a vida é assim, cheia de exigências e reviravoltas. Faz algum tempo que ela vem exigindo de mim algumas mudanças... de pensamento, de comportamento, de atitudes, de caminhos... e tudo ao redor acaba sofrendo um pouco com isso.

Com o blog, essas necessidades vieram como um aviso. Um aviso difícil de aceitar, porque a gente nunca quer se desfazer daquilo que nos faz bem. Nunca queremos deixar para trás os projetos que se consolidaram por meio da nossa insistência e otimismo. Não é fácil dizer adeus às importantes fases que vivemos e às conquistas que nos deram incríveis momentos de alegrias. Porém, chega uma hora em que precisamos acompanhar o nosso ritmo atual e aceitar que alguns ciclos devem se encerrar.

E não é somente por isso. Quem acompanha o blog frequentemente deve ter percebido que eu venho perdendo o fôlego nos últimos meses. Isso não tem a ver com a leitura, quero deixar claro. Trata-se de priorizar as mudanças que a vida tem me dado. Por isso, e por não posso aceitar levar esse projeto lindo de qualquer forma, eu decidi encerrar oficialmente as atividades no Universo Literário.

Eu nunca vou esquecer as alegrias que esse cantinho me trouxe, tampouco as amizades que fiz. Fui muito feliz nesses seis últimos anos... aprendi muitas coisas, ensinei muitas coisas, inspirei muita gente, conheci muitas mais. Por isso, gostaria de agradecer a todos que participaram dessa jornada: colaboradores, editoras parceiras, amigos blogueiros e todo mundo que me incentivou. A nossa história continuará viva por aqui (pelo menos enquanto o blogger existir), pois tudo que fora registrado aqui é especial e merece estar a disposição de qualquer pessoa.

Chegou a hora de trilhar novos caminhos... aos mais próximos, quero adiantar que a blogosfera não se verá livre de mim. E, aos demais, a gente se vê no skoob, twitter, instagram... vamos continuar propagando o amor pela leitura, pois esse é eterno e não tem quem desfaça.

Abraços!


Título: Matéria Escura*
Autor: Blake Crouch
Edição: 1
Editora: Intrínseca
Páginas: 352
ISBN: 9788551001226
Nota: 4,5 de 5

SINOPSE: Raptado por um homem mascarado, Jason Dessen é levado para uma usina abandonada e deixado inconsciente. Quando acorda, um estranho sorri para ele, dizendo: “Bem-vindo de volta, amigo.” Neste novo mundo, Jason leva outra vida. Sua esposa não é sua esposa, seu filho nunca nasceu e, em vez de professor numa universidade mediana, ele é um gênio da física quântica que conseguiu um feito inimaginável. Algo impossível. Será que é este seu mundo, e o outro é apenas um sonho? E, se esta não for a vida que ele sempre levou, como voltar para sua família e tudo que ele conhece?

Comentários:

Eu amo ficção-científica, mas tenho sérios problemas com leituras cheias de termos técnicos e de difícil compreensão para leigos no assunto, como eu. Por isso, acabo preferindo séries de TV e filmes do gênero, mais do que os livros, porque o recurso visual me ajuda em certos aspectos. Sem contar que quase sempre são menos complicados e entediantes.

Ainda assim, optei por encarar a leitura de Matéria Escura, porque inicialmente eu tive a impressão que, para além da ficcção, questões humanas trariam leveza à narrativa. Inclusive, a proposta é que a trama seja instigante e curiosa para os leitores do gênero, seja qual for o nível de entendimento dele. E é exatamente o que acontece. Blake Crouch não só cumpre sua ideia, facilitando para o leitor, como também deixa uma mensagem poética incrivelmente emocionante.

A trama é narrada pelo professor universitário de física quântica, Jason Dessen. Jason tem uma vida normal, relativamente boa e confortável. Mas isso só existe porque ele e sua esposa, Daniela, abdicaram do prestígio social para criarem um lar e se dedicarem à família. Esse foi o caminho que eles decidiram seguir após a descoberta de uma gravidez não programada, mas vale salientar que a história se passa quando a criança, na verdade, já é um adolescente.

Enquanto Jason tinha tudo para ser um físico renomado, Daniela poderia se tornar uma brilhante artista. Como seriam suas vidas se isso tivesse acontecido é uma dúvida que permeia sobre eles, mesmo após tantos anos. É através desse contexto que o autor insere a ficção científica à narrativa, pautando as teorias de física quântica que abrangem os multiuniversos, também conhecidos por universos paralelos.

Após ser raptado, Jason acorda em uma nova realidade, onde ele não é mais um professor, mas sim um gênio da física quântica que revolucionou a ciência. Lá ele também não é casado com Daniela, não tem filho, e não possui nenhum familiar por perto. O que aconteceu para sua realidade ter sido alterada você só vai descobrir conferindo essa narrativa eletrizante, de leitura fácil, concisa, cheia de conceitos intrigantes e repleta de reviravoltas.

Apesar dos capítulos serem maiores que o convencional, a leitura tem um ritmo frenético, assim como a viagem alucinógena que o protagonista é levado a vivenciar por conta da ganância e arrogância de um Jason que ele próprio até então desconhecia. Enfim, o enredo é brilhante e não deixa pontas soltas. Já os cenários e os personagens são bem construídos e muito verossímeis.

Somado a isso, há situações que nos fazem refletir sobre as nossas escolhas, sobre as incertezas que elas nos impõe, sobre as nuances da vida profissional e pessoal, dentre outras coisas que nos deixam à flor da pele. Portanto, recomendo demais esse thriller sci-fi. Ele faz o irreal se tornar real a ponto de te emocionar. É de superar todas as expectativas possíveis, pode acreditar.

*Cortesia cedida pela Editora Intrínseca. 


Título: Nada Mais a Perder*
Autor: Jojo Moyes
Edição: 1
Editora: Intrínseca
Páginas: 400
ISBN: 9788580579703
Nota: 4 de 5

SINOPSE: Na juventude, Henri Lachapelle foi um cavaleiro de raro talento, entre os poucos admitidos na academia de elite do hipismo francês, o Le Cadre Noir. Contudo, reviravoltas da vida o levaram da França a Londres. Sem nunca abandonar o amor pela antiga carreira, aos trancos e barrancos, Henri ensina a neta, Sarah, a montar o cavalo Boo, na esperança de que o talento da dupla seja o passaporte para uma vida melhor e mais digna para todos. Mas novos rumos mudam mais uma vez os planos de Henri Lachapelle, e Sarah se vê entregue à própria sorte, lutando para, além de sobreviver, cuidar de Boo e manter os treinamentos.
Em paralelo temos Natasha, uma advogada especializada em representar crianças e adolescentes envolvidos com crimes ou em situação de risco. Abalada emocionalmente e em dúvidas quanto a seu futuro profissional depois de um caso terrível, Natasha ainda tem de lidar com as feridas do fim de seu casamento. Um fim, diga-se de passagem, bem inusitado, já que ela se vê forçada a morar com o charmoso futuro ex-marido enquanto esperam a venda da casa da família.
Quando Sarah cruza o caminho de Natasha, a advogada vê na menina a oportunidade de colocar a vida de volta nos trilhos e decide abrigar a adolescente sob o próprio teto. O que ela não sabe é que Sarah guarda um grande segredo que lhes trará sérias consequências.

Comentários:

O desenrolar de romances conturbados parece ser uma das especialidades de Jojo Moyes. Além disso, é comum encontrarmos em seus livros a junção de histórias paralelas, cenários diferentes e muitas reviravoltas intrigantes. Pelo menos é isso que ocorre em Nada Mais a Perder, que entra para o hall das temáticas peculiares e reflexivas propostos pela autora.  

Diferente do que nos conta a sinopse, Natasha não vê em Sarah a oportunidade de colocar a vida nos trilhos. Influenciada pelo ex-marido, Mac, ela somente é levada a ajudar a menina, num acaso. Só para você entender, Sarah aparece na vida deles acidentalmente, em um momento muito difícil de sua vida: seu avô e único parente, Henri Lachapelle, está hospitalizado em situação grave.

Mas a vida de Natasha também não está nada confortável. Mac está de volta para acelerar o processo de separação, o que significa que a casa que eles construíram juntos precisa ser vendida, para que haja a repartição dos bens. Só que essa é a mesma casa que Natasha mora atualmente. Como ele está na cidade, ela se vê obrigada a dividir o ambiente com ele até que tudo esteja resolvido.

Sarah e Natasha são o centro da história. Apesar de estarem em posições diferentes, especialmente por conta da idade, ambas têm muitos obstáculos a enfrentar. Involuntariamente, e mesmo não se entendendo muito bem, uma vai dando a outra novas situações e perspectivas que contribuem muito para a superação de seus respectivos problemas. Assim, notamos a construção do amadurecimento que elas precisam. Isso é uma consequência do difícil convívio cotidiano dessas personagens.

Além delas, Mac e Lachapelle também são extremamente importantes para a trama. Mac traz leveza no relacionamento delas, ao mesmo tempo em que precisa lidar com sentimentos constantes em relação ao divórcio; e Lachapelle contribui com sua linda história de afeto com a cavalaria, além de sua intensa vida amorosa e as consequências que isso trouxe para a sua vida. Em geral, os personagens são muito bem construídos, com personalidades bem acentuadas. São pessoas reais e críveis.

O livro tem inicialmente um ritmo lento. Além disso, existem muitas coisas sobre o universo da cavalaria que provavelmente, pra alguns, sejam irrelevantes. Sobre o ritmo, creio que a autora optou por nos preparar para uma cadência maior, já que a sequência de acontecimentos acelera bastante com o passar dos capítulos. Quanto ao excesso de informações, talvez a intenção tenha sido a de transportar o leitor para esse âmbito que é desconhecido por muitos. Até o que não faz muito sentido acaba sendo compreensível.

Vale destacar também a capacidade que a autora tem de nos dar meios de abrir a mente para entender a conduta descabida dos personagens. Após sentir certo desconforto com algumas situações, somos levados a entender os motivos, a estar no lugar daquela pessoa, a pensar como ela. Inclusive, as personalidades de Jojo tem erros e acertos como todo bom ser humano, e sentir isso através de suas palavras é ainda mais incrível - devido a realidade que ela nos impõe.

Recomendo o livro para os fã da autora. A linguagem é no padrão Jojo Moyes: precisa e visual. 
Vale a pena!

*Cortesia enviada pela Editora Intrínseca. 


Finalmente parei para escrever sobre das leituras de fevereiro. Creio que quem acompanha o blog deve estar curioso para saber, especialmente, acerca do saldo da maratona literária de carnaval. Nesse post eu pretendo contar o que eu consegui conferir durante o feriado estendido e, claro, ao longo do mês.

Pausa para um desabafo: Ultimamente muita coisa tem mudado por aqui. Tenho acumulado muitas tarefas e, infelizmente, o blog acaba sendo penalizado por isso. Tenho pensado em utilizar meu instagram (na época criado apenas para divulgar as ações do blog, mas que acabou se tornando também pessoal) para compartilhar com mais intensidade minhas leituras e afins, através de comentários e opiniões mais construtivas. A minha ideia é interagir de verdade com você, de forma rápida e dinâmica. Creio que essa seria uma forma de suprir minha ausência no blog. O que você acha disso?

Agora vamos às leituras de fevereiro.

Kindle sempre presente.  <3
  1. O mês começou com O Príncipe da Névoa, de Carlos Ruíz Zafón. Esse livro faz parte da trilogia da névoa e nos conta a história de um jovem que se vê cercado de mistérios em seu novo lar, que, curiosamente, possui um jardim abandonado com uma estranha estátua e símbolos desconhecidos. Isso tem tudo a ver com um barco que afundou há anos naquela região, deixando apenas um sobrevivente; e com um diabólico personagem que concede desejos em troca de um preço. É uma fantasia intrigante, de leitura rápida, que me prendeu muito. Apesar de deixar algumas pontas soltas e da pouca profundidade, vale a pena conferir pela experiência visual que o autor nos permite ter através de suas descrições precisas e encantadoras.
  2. Depois foi a vez de terminar Joyland, do Stephen King, pois eu já havia começado a leitura no mês anterior. A trama gira em torno de um rapaz que, ao começar a trabalhar no famoso parque de diversões chamado Joyland, descobre um misterioso caso de assassinato que ocorreu há algum tempo em um dos brinquedos. Interessado na história, ele começa a buscar pistas sobre o possível assassino, o que acaba deixando-o em uma situação perigosa. Essas características fizeram deram ao livro uma cara de romance policial, ao contrário da proposta de suspense e mistério. Eu gostei bastante, especialmente dos personagens que foram muito bem construídos. Porém, no geral, achei o livro um pouco arrastado.
  3. Resolvi desenterrar da estante o meu exemplar de Cante Para eu Dormir, escrito por Angela Morrison. Muitos amigos me falaram super bem desse livro, mas confesso ter tido vários problemas com ele. A história traz uma jovem que sempre fora rejeitada por sua aparência. Mas graças a uma grande oportunidade, ela recebe uma transformação que lhe dá a chance de conhecer o amor de sua vida. No entanto, esse relacionamento se desenrola através de segredos e mentiras que tornam tudo muito perturbador. Enfim, me desagradou porque: existem muitos clichês; a história é infantilizada; não concordo muito bem com a forma como a 'beleza' é tratada; a protagonista é demasiadamente dramática e força demais a barra; o mocinho, apesar de fofo, se mostra egoísta, já que até agora não entendo o real motivo dele se aproximar da menina, sabendo que logo não estará mais por perto (detalhe que ele nem dá a ela o direito de saber o motivo); e mais um monte de coisas do qual vou adorar comentar mais por aqui. Em breve!
  4. Na maratona literária de carnaval eu consegui ler o incrível Maus, de Art Spiegelman. Para quem não sabe, a HQ retrata os judeus como ratos, os nazistas como gatos, os poloneses como porcos e os americanos como cachorros. É dessa forma peculiar que o autor nos traz mais um relato perturbador da catástrofe social que foi o Holocausto. Há tanto o que dizer sobre essa HQ, por sua intensidade, pelos valiosos dados históricos, pelas reflexões profundas sobre a capacidade humana... é intenso, carregado de sofrimento e de sonhos destruídos. É real, peculiar, particular. É também impressionante a genialidade do autor e a forma como ele conduz toda a narrativa. Vale muito a pena para quem se interessa por leituras com essa temática. Especialmente pela experiência em ler no formato HQ.
  5. Ainda na maratona eu consegui dar um gás na leitura de Os Miseráveis, do Victor Hugo, para o meu projeto de leitura. Felizmente, na maratona, eu consegui finalizar a segunda parte do livro, dedicado a Cosette. Resultado: foram mais 359 páginas lidas em fevereiro. Na oportunidade eu também li boa parte de A Caminho do Altar, de Julia Quinn. Mas eu só concluí a leitura efetivamente no início de março. Portanto, sobre ele eu falo melhor contigo no mês que vem.

E você, leu muito em fevereiro?
Abraços!